A expressão “assexuado que nem uma ameba” está com seus dias contados. Depois de dar uma olhada mais atenciosa a um dos seres vivos mais simples e primitivos hoje em dia, investigadores estão reavaliando a assexualidade de amebas, considerada até então o tipo ideal de da castidade. Eles agora têm a evidência da vida sexual dos ameboides, e ainda sugerem que não se trata de um comportamento recente, ele sempre existiu.
Amebas são criaturas em forma de bolha que existem há cerca de um bilhão de anos - os mais antigos membros do domínio chamado de eucariontes (seres com células dotadas de membrana protegendo o núcleo). As espécie das amebas estão espalhadas por vários ramos da biologia, intercaladas com linhagens familiares, como animais e plantas. Elas são conhecidas pela forma como se movem, lentamente estendendo porções de suas membranas celulares como se fossem pés.
“A descoberta muda a maneira como interpretamos a evolução dos organismos”, acredita Daniel Lahr, pesquisador da Universidade de Massachusetts, Estados Unidos. ”Se o último ancestral comum dos eucariotos foi sexual, então na prática não há nenhuma evolução no sexo”, conclui.
Revisando o que já foi publicado na literatura científica sobre o assuntos, os pesquisadores chegaram à conclusão de que as amebas são mais sexualmente ativas do que pensamos.
“Quando se discute o sexo dos protistas ameboides, a evidência existente não nos faz lembrar de castidade, mas sim do Kama Sutra”, compara Lahr em seu relatório publicado na edição de março da revista Procedimentos da Sociedade Real B: Ciências Biológicas.
O sexo da ameba por ter passado despercebido porque, quando cultivadas em laboratório, muitos deles não mostram quaisquer sinais de atividade sexual já que elas possuem a capacidade de se reproduzir assexuadamente por clonagem copiando-se, indefinidamente. Não há necessidade, portanto, do ato sexual na reprodução. E quando as amebas mostraram algum sinal de sexualidade, os pesquisadores podem ter considerado-o uma rara exceção à regra.
É por isso que a maioria dos pesquisadores acreditam que as amebas (e todos os eucariontes) evoluíram de um ancestral assexuado.
Para estes organismos inferiores, o sexo não é um ato realizado entre um homem e uma mulher com toda a beleza, a tensão e as complicações que vêm com ele. Para amebas, o sexo é uma forma especial de divisão de material genético. Dois indivíduos entram em contato para uma troca de genes com o objetivo de criar duas novas amebas, com carga genética misturada dos dois “pais” (algo como o que acontece entre os humanos, mas de forma muito mais simples).
Apesar da vantagem evolutiva de menos indivíduos com a carga genética exatamente igual, as amebas não costumam se reproduzir através do sexo. Em certos ambientes, a reprodução assexuada pode ser mais bem sucedida. “A velocidade de divisão é imediatamente vantajosa para o indivíduo “, diz Lahr. ”Mas na maioria dos casos, essa é uma condição que está condenada à extinção”.
Assexualidade é um jogo perdedor a longo prazo, porque os erros se acumulam no genoma e, transmitidos de geração para geração, pode acabar matando os indivíduos mais novos. Essa teoria é chamada de “catraca de Muller”, e é tradicionalmente usada para explicar por que o sexo evoluiu.
“A mensagem que levo para os biólogos é: precisa-se pensar mais amplamente quando se trata de sexo e os papeis do sexo na reprodução”, sintetiza Fred Der Spiegel, cientista da Universidade de Arkansas. “Sexo é a regra e não a exceção”.
Fonte: LiveScience
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